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Acórdão Nº. 039/2015

brasao paraiba
ESTADO DA PARAÍBA
SECRETARIA DE ESTADO DA RECEITA

Processo n° 028.576.2013-6
Acórdão 039/2015
Recursos HIE/VOL/CRF-218/2014
1ª RECORRENTE: GERÊNCIA EXEC. DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS
1ª RECORRIDA: FRANCO BENELLY COM. DE TEC. E CONFEC. LTDA
2ª RECORRENTE: FRANCO BENELLY COM. DE TEC. E CONFEC. LTDA
2ª RECORRIDA: GERENCIA EXEC DE JULGAMENTO DE PROCESSOS FISCAIS
PREPARADORA: COLETORIA ESTADUAL DE GUARABIRA
AUTUANTE: SILAS RIBEIRO TORRES
RELATOR: CONS.º FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO

OMISSÃO DE SAÍDAS. LEVANTAMENTO FINANCEIRO. PROVAS PROCESSUAIS CONDUZIRAM À PARCIALIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. REDUÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. RECURSO HIERÁRQUICO DESPROVIDO. RECURSO VOLUNTÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO.  

ICMS oriundo das saídas de mercadorias tributáveis sem emissão de notas fiscais evidenciadas mediante aplicação de Levantamento Financeiro, ainda que baseado nas informações constantes em livros fiscais e nas informações das GIM’s declaradas pelo contribuinte, tendo em vista o fato de que os registros da contabilidade centralizada da empresa impossibilitam a identificação dos lançamentos contábeis correspondentes ao estabelecimento fiscalizado. Manutenção dos ajustes, em face da ausência da prova da sua improcedência. Em face do Princípio da Legalidade Administrativa e por força de lei posterior

Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

O  Auto  de  Infração  de  Estabelecimento  nº  93300008.09.00000383/2013-86,  lavrado  em 27.3.2013, contra a empresa FRANCO BENELLY COMÉRCIO DE TECIDOS E CONFECÇÕES LTDA., CCICMS   nº 16.153.740-5, cientificada pessoalmente, em 1.4.2013, relativamente a fatos geradores ocorridos nos exercícios de 2008, 2009, 2010 e 2011,  consta a seguinte denúncia:

OMISSÃO        DE        SAÍDAS        DE        MERCADORIAS        TRIBUTÁVEIS        – LEVANTAMENTO FINANCEIRO >> O contribuinte omitiu saídas        de       mercadorias tributáveis sem o pagamento do imposto devido, tendo       em   vista   a   constatação   de   que   os pagamentos efetuados superaram      as   receitas   auferidas.   Irregularidade   detectada   através   de Levantamento Financeiro.

Por infringência  aos artigos 158, I; 160, I; c/fulcro no artigo 646, parágrafo único, todos do RICMS/PB, foi exigido ICMS no valor de R$ 238.926,39, com proposição de penalidade na ordem de R$ 477.852,78, arrimado no art. 82, V “f” da Lei nº 6.379/96.

Inconformada  com  a  autuação,  a  autuada  apresentou  reclamação  em  30.4.2013 (fls.545/563), trazendo preliminarmente as seguintes alegações defensuais:

-  que  a  omissão  de  saídas  está  totalmente  equivocada,  sendo  a  aplicação  da multa abusiva e inconstitucional.

- que o autuante utilizou como premissa que todas as aquisições de mercadorias realizadas teriam sido pagas no próprio exercício das aquisições;

- que não foram consideradas a existência de outras lojas do mesma empresa, haja  vista  que  a  Matriz  concentra  o  pagamento,  entendendo  que  a  auditoria    deveria  ter  sido efetuada em todas as lojas da mesma empresa;

-  que  uma  consulta  no  BALANÇO  PATRIMONIAL  da  matriz  atesta  que  a mesma abarca as informações de todas as suas lojas (filiais);

-  questiona  o  percentual  aplicado  para  a  penalidade,  entendendo  que  fere  o

Princípio da Razoabilidade e do Não Confisco.

Pede, por fim, a  improcedência do lançamento.

Instado  a  contestar  os  argumentos apresentados  pela  autuada,  o  autuante  veio aos autos, às fls.594/597, dos autos,   informando que não há equívocos no procedimento realizado. Acrescenta  que  a  defendente  não  apresentou  duplicatas  que  confirmem  que  as  compras  foram efetuadas  a  prazo  e,  que  o  fato,  do  procedimento  ter  sido  efetuado  em  uma  filial   não  afasta  a possibilidade dos pagamentos das aquisições de mercadorias, serem realizados por esta.


 

Salienta  que  a  contabilização  centralizada  na  matriz,  faz  com  que  sejam considerados os valores de entradas e saídas declaradas na escrituração fiscal, pedindo por fim, a mantença do auto de infração.

Sem  informação  de  reincidência  fiscal,  os  autos  foram  conclusos  à  Gerência Executiva  de  Julgamento  de  Processos  Fiscais,  sendo  distribuídos  ao  Julgador  Fiscal,  Anísio  de Carvalho  Costa  Neto,  que  decidiu   pela  PARCIAL  PROCEDÊNCIA  do  feito  fiscal,  declarando devido um crédito tributário de R$ 477.852,78,  sendo R$ 238.926,39 de ICMS e R$ 238.926,39 de multa por infração.

Cientificada pessoalmente da decisão de primeira instância, em 30.9.2013 (fls. (610),   a   autuada   apresentou   Recurso   Voluntário,   perante   este   Colegiado   em   29.10.2013 (fls.611/621).

No recurso, apresentado pelo Procurador, devidamente outorgado, a recorrente

afirma  que  o  julgador  singular,  afirmou  que  a  empresa  acostou  o  livro  Razão,  referente  ao movimento  de  mercadoria  da  empresa,  no  período  fiscalizado,  em  caráter  centralizado,  não afastando  a  presunção  da  omissão  de  saídas,  mantendo  incólume  o  lançamento,  reduzindo  tão somente o percentual da multa em decorrência da superveniência  de legislação benéfica.

Aduz  que  o  julgador  desconsiderou  ainda  a  contabilidade  consolidada  pela matriz e as informações arquivadas no SPED CONTÁBIL.

Dessa forma traz as alegações apresentadas quando da reclamação inicial, de que  as  mercadorias  adquiridas  pela  recorrente  são  adquiridas  a  prazo,  e  pagas  nos  exercícios seguintes, conforme podem ser constatadas no balancete analítico da matriz, não se configurando, desta forma, como despesas dos exercícios fiscalizados, dentro do próprio exercício.

Neste  sentido,  aduz  que  diante  dos  esclarecimentos  prestados,  conclui  que  o auto  de  infração  em  análise,  parte  da  premissa  equivocada  de  que  todas  as  aquisições  de mercadorias realizadas nos exercícios de 2008, 2009, 2010 e 2011, foram pagas aos fornecedores nos respectivos exercícios, ou seja, adquiridas à vista, seja pela existência da matriz que concentra os  pagamentos  das  empresas  do  grupo,  quer  seja  pela  ausência  de  levantamento  dos  exercícios posteriores,  restando  assim,  afastada  a  presunção  de  omissão  de  saídas,  e,    em  consequência, tornando nulo o  auto de infração.

Conclui com a  informação que  suas razões podem ser  constatadas a partir da

análise do BALANÇO PATRIMONIAL da matriz da recorrente, que abarca todas as lojas (matriz e filial).

Informa  que   o  auto  de  infração  questionado  foi  lavrado  com  utilização  da técnica Levantamento Financeiro da recorrente, e que em todos os exercícios fiscalizados o fiscal considerou zerada a conta Duplicatas a Pagar no Próximo Exercício, quando o correto seria levar em consideração as aquisições que não foram pagas no exercício objeto da apuração.

Aduz que o auditor fiscal  não efetuou a diligência formulada pela recorrente, para que fosse confrontado  o livro Diário  da Matriz com o  Registro de Entradas bem como, que sejam analisados os arquivos magnéticos SPED CONTÁBIL (ECD) entregues a Junta Comercial, pedindo, que o julgamento seja convertido em diligência,  nos termos dos artigos 110 e 111, da Lei Estadual nº 6.379/1996, o que, nesse caso, comprovaria a improcedência do auto de infração.

Em  contra-arrazoado,  às  fls.  623/624,  o  autuante    afirma  que  a  recorrente apenas reproduz o discurso já utilizado na reclamação, sem apresentar nenhuma duplicata ou fatura que  confirme  essas  alegações  e  que  na   conta  Passivo,  correspondente  ao  faturamento  geral  da empresa, não constam os pagamentos realizados relativos às aquisições de mercadorias desta  filial.

Salienta que na verdade a empresa possui filial nesta e em outras unidades da

Federação,  com  contabilidade  centralizada  na  Matriz,  localizada  no  Estado  de  Pernambuco,  não tendo  apresentado documentos capazes  de  ilidir  a  ação  fiscal.  Aduz que  preserva  o  Princípio  da Independência dos Estabelecimentos.

Conclui, pedindo a mantença da  sentença da Primeira Instância.

Posteriormente,    em,    3.12.2013,    a    recorrente    apresentou    aditamento    ao    recurso anteriormente apresentado, apensado das fls.627/877, dos autos.

À  fl.  878,  foi  anexado  despacho  da  então,  Presidente  Cons.  Patrícia  Márcia  de  Arruda

Barbosa, para que o autuante se pronuncie sobre os documentos acostados.

Em  informação  fiscal,  fls.  881/882,      o  autuante  aduz  que    a  recorrente relacionou  algumas notas fiscais e suas respectivas datas de pagamento, conforme fls. 630, 768 e 770, do Livro Razão, dos exercícios de 2009 a 2012, onde aparecem os citados pagamentos, tendo
observado que a mesma nada apresentou em relação ao exercício de 2007.

Acrescenta que o Livro Razão, apresenta aquisição de mercadorias referente à Nota Fiscal nº 1071, lançada na relação de duplicatas quitadas no exercício de 2009, com data de aquisição   de  14.1.2008,   com  data   de  pagamento     superior   a  um   ano,   fato   que  considera incompatível com o praticado  no mercado, sem apresentar documentos de protesto, conforme fls. 630, 631 e 638, dos autos.

Aduz ainda que o livro Razão consolidado, não apresenta termo de abertura e de fechamento,  bem como  não  constatou  a data da  entrada das mercadorias no  livro  Registro  de Entradas, às fls.  630, 631, 638 e 678, não trazendo  a colação cópias das duplicatas,  notas fiscais faturas  ou  quaisquer  documentos que  comprovem  os pagamentos  efetuados,  afirmando,  por  fim, que há interesse da recorrente em procrastinar a decisão administrativa.

Posteriormente, foram juntadas às fls. 888/923, cópias do Razão Consolidado, pertencente ao CNPJ: 05.773.243/0001-86.

À fl. 886,  foi anexado   requerimento da autuada protestando por sustentação oral,  tendo sido apensada às fls. 1051 e 1052, Procuração, substabelecida pela Contadora Maria da Conceição Alves da Silva, outorgando poderes, ao Dr. Felipe Maciel Maia, OAB-PB,  para efetuar SUSTENTAÇÃO ORAL, com endereço à Rua João Machado, nº 553, sala 303 – Empresarial Plaza Center, nesta cidade de João Pessoa.

Assim,  nesta   Corte Julgadora, os autos foram, a mim, distribuídos, segundo critério regimental previsto, para apreciação e julgamento.




Este é o relatório.


 

 

V O T O




Versam  os  autos  sobre  a  acusação  de  omissão  de  saídas  de  mercadorias tributáveis,  detectada  pela  técnica,  Levantamento  Financeiro,  efetuada  nos  exercícios  de  2008, 2009, 2010 e 2011.

Sem preliminares a analisar passemos ao exame do mérito.

A técnica Levantamento Financeiro está respaldada na nossa legislação e se consubstancia pelo confronto de todas as receitas da empresa com as despesas operacionais, não operacionais e as disponibilidades em caixa e em bancos.

O  método  parte  do  princípio  de  que  as  receitas  da  empresa  devem  ser  suficientes  para satisfazer  todos os dispêndios do  estabelecimento,  assim considerados não  apenas a aquisição  de mercadorias  para  a  revenda,  mas  também  às  despesas  com  pessoal,  água,  energia,  pro  labore, materiais de uso e consumo, aluguéis, e outras.



O  procedimento  é  largamente  utilizado  e  aceito  como  meio  de  aferição  fiscal,  estando disciplinado   no   artigo   643  do   RICMS/PB,   sendo  que   as  diferenças   verificadas  denunciam irregularidade por omissão de saídas tributáveis sem o pagamento do imposto, conforme presunção estabelecida  no  artigo  646  do  RICMS,  conforme  dispositivos  vigentes  à  época  do  fato  gerador, transcritos abaixo:



(...)


Art.  643.  No  interesse  da  Fazenda  Estadual,  será  procedido  exame  nas escritas fiscal e  contábil das pessoas sujeitas à  fiscalização,  especialmente no  que  tange  à  exatidão  dos  lançamentos  e  recolhimento  do  imposto, consoante as operações de cada exercício.

 

§3º  No  exame da  escrita fiscal de  contribuinte que não esteja obrigado ao regime  de  tributação  com  base  no  lucro  real  e  tenha  optado  por  outro sistema de apuração de lucro, nos termos da legislação do Imposto de Renda e   Proventos   de   Qualquer   Natureza,   será   exigido   livro   Caixa,   com escrituração  analítica  dos  recebimentos  e  pagamentos  ocorridos  em  cada mês.

§4º  Na  hipótese  do  parágrafo  anterior,  como  mecanismo  de  aferição  no confronto fiscal, será obrigatório:

I   -   a   elaboração   de   Demonstrativo   Financeiro,   onde   deverão   ser evidenciadas todas as receitas e despesas operacionais ou não operacionais, bem  como  considerada  a  disponibilidade  financeira  existente  em  Caixa  e Bancos,   devidamente   comprovada,   no   início   e   o   no   final   do   período fiscalizado;

 

§ 5º Na ausência da escrituração do livro Caixa, que trata o § 3º, para que se possa   levar  a   efeito  o  demonstrativo   financeiro  referido  no  parágrafo anterior,  os  saldos  no  início  e  no  final  do  exercício  serão  considerados inexistentes.

§  6º  As   diferenças   verificadas   em   razão   do   confronto   fiscal denunciam  irregularidade, observado o disposto no art. 646.

Art.   646.   O   fato   de   a   escrituração   indicar   insuficiência   de   caixa, suprimentos  a  caixa  não  comprovados  ou  a  manutenção  no  passivo,  de obrigações já pagas ou inexistentes, bem como a ocorrência de entrada  de mercadorias   não   contabilizadas   ou   de   declarações   de   vendas   pelo contribuinte    em    valores  inferiores    às    informações    fornecidas    por instituições    financeiras    e    administradoras    de    cartões    de    crédito, autorizam  a  presunção  de  omissão  de  saídas  de  mercadorias  tributáveis sem    pagamento    do    imposto,    ressalvada  ao  contribuinte  a  prova  da improcedência da presunção (Decreto nº 28.259/07).

Parágrafo único. A presunção de que cuida este artigo aplica-se igualmente a qualquer situação em  que a  soma das  despesas,  pagamentos de  títulos, salários,  retiradas,  pró-labore,  serviços  de terceiros,  aquisição  de  bens em  geral  e  outras  aplicações  do  contribuinte  seja  superior  à  receita  do estabelecimento.

Dessa forma, caso seja constatado que as receitas auferidas não foram suficientes para fazer frente às despesas do exercício, aplica-se a presunção de que essa diferença é decorrente de omissão de saídas de mercadorias tributáveis sem o pagamento do imposto, restando ao contribuinte provar a improcedência  da  acusação  com  documentos  que  atestem  a  não  ocorrência  do  fato  gerador presumido.

No  caso dos autos,  o contribuinte alegou que o resultado do  Levantamento Financeiro   efetuado   pelo   autuante,   não   guarda   conformidade   com   os   elementos   de   sua contabilidade,  que  seria  centralizada  na  matriz  situada  em  Pernambuco,  impondo-se,  a  seu  ver, como condição de garantia do direito de defesa, a realização de diligência para cabal confirmação dos fatos.

Entretanto, o autuante afirma que a empresa tem escrita centralizada na matriz,

em  Pernambuco  e  diversas  filiais,  o  que  o  levou  ao  procedimento  com  base nas  informações do contribuinte, que constam em banco de dados, nesta Secretaria de Estado da Receita.

Nestas  circunstâncias,  entendo  que  o  deslinde  da  causa  nos  remete  a  dois princípios de idêntica importância no cenário que se desnuda.

O  primeiro,  segundo  o  qual  cada  estabelecimento  do  mesmo  contribuinte  é autônomo,  cada qual deve  de  per  si ser  responsável para todos os efeitos fiscais relacionados ao ICMS, e está explícito no art. 37 do RICMS/PB.

Do segundo, implícito no ordenamento jurídico tributário deste Estado, decorre a prevalência dos lançamentos da escrita contábil sobre os dados econômico-fiscais fornecidos pelo próprio contribuinte ao Fisco, mediante a prestação de informações mensais e anuais, armazenadas em  banco  de  dados,  nesta  Secretaria  de  estado,  o  que  em  tese  faz  perecer  os  procedimentos  de apuração da situação fiscal que as toma como suporte.

Da harmonização dessas premissas decorre a ilação de que os dados extraídos do   Razão   Consolidado   trazidos   aos   autos,   que   possibilitam   os   registros   trazidos   junto   ao aditamento, pelo contribuinte, a Fiscalização não pode ser tolhida no seu dever de apurar a situação do estabelecimento a partir de elementos subsidiários e com base neles oferecer denúncia, se for o caso.

Com  base,  nessa  premissa,  acato  as    operações  referenciadas  pelas  Notas Fiscais  de  nºs.  1071,  637,  241782,  239953,  879,  648,  47,  referentes  a  aquisições  efetuadas  no exercício de 2008, adquiridas a prazo, no valor de R$ 49.339,07; bem como às notas fiscais de nºs:

3386, 1472, 3333, 3295, 3264, 1846, 1841, 3142, 3141, 3078, 2998, 2995, 2691, 2933, 2894, 2837,

1505, 1651, 1791, 1736, 1735, 1701, no exercício de 2009, na quantia de R$ 300.698,30; as notas fiscais  nºs: 427,  277,  426,  180,  815  e  1988,  adquiridas  no  exercício  de  2009,  na  quantia  de  R$

426.054,45,concernentes às aquisições do exercício de 2010; e por fim as notas fiscais de nºs: 435,

31182, 393, 2687, 2709, 414, 415, 316, 1988, 27192, 2060, 121, 2213, 198, 236, 2320, 2392, 2514,

2567, 2687, 1829, 1493, referentes ao exercício de 2011, na monta de R$ 308.654,76,   adquiridas no  exercício  de  2011,  cujos  valores     devem  ser  excluídos  do  cômputo  dos  Levantamentos Financeiros dos exercícios de 2008, 2009, 2010 e 2011, pois não configuram despesas realizadas nos exercícios supracitados, e sim nos exercícios subsequentes, ou seja, 2009, 2010, 2011 e 2012.

Neste  sentido,  essas operações representam  aquisições  de  mercadorias,  nos

exercícios  fiscalizados,    mas  com  pagamentos  efetuados  nos  exercícios  seguintes,    conforme atestam  os  lançamentos  efetuados  nos  Livros  Registro   de  Entradas  de   mercadorias,   Razão Consolidado e conjunto de cópias das  duplicatas juntadas ao processo, fls. 926/974.

Em assim sendo, relacionamos as notas fiscais, com seus respectivos valores e data de pagamento, comprovados nas cópias dos livros Registro de Entradas e Razão Consolidado da empresa autuada, e efetuamos o lançamento dos valores na coluna, Rubrica – Duplicatas a Pagar no   próximo   exercício,   deduzindo   nos   exercícios  do   total   das   Compras   de   Mercadorias,   e procedemos  ao  lançamento  de  iguais  valores  nas  Despesas  dos  exercícios  seguintes,  na  forma demonstrada abaixo:

 

 

DUPLICATAS REF AS N. F.ADQUIRIDAS EM 2008 E PAGAS EM 2009  (fls. 631/637e 909/914)

 

NOTA FISCAL                                                                         VALOR                                  DATA PAGAMENTO

1071                                                                 8.814,46                                                             04.09.2009

637                                                                   5.964,50                                                             30.04.2009

241782                                                                 340,55                                                              27.01.2009

239953                                                                 246,08                                                              05.01.2009

879                                                                   6.303,83                                                             25.03.2009

648                                                                  26.793,65                                                            22.05.2009

47                                                                     876,00                                                              16.06.2009

R$ 49.339,07

 

DUPLICATAS REF A N F.ADQUIRIDAS EM 2009 E PAGAS EM 2010  (fls. 658/670 e 909/914)

 

NOTA FISCAL                                                                         VALOR                                  DATA PAGAMENTO

3386                                                                 8.111,78                                                            30/06/2010

1472                                                                70.920,10                                                            30/03/2010

3333                                                                 5.127,04                                                            28/02/2010

3295                                                                 7.528,28                                                            30/06/2010

3264                                                                10.917,60                                                            30/06/2010

1846                                                                 1.376,00                                                            30/04/2010

1841                                                                 1.968,00                                                            30/04/2010

3142                                                                10.944,00                                                            30/06/2010

3141                                                                11.462,66                                                            30/06/2010

3078                                                                14.834,02                                                            30/04/2010

2998                                                                 5.085,75                                                            30/04/2010

2995                                                                 9.610,05                                                            30/04/2010

2691                                                                 6.840,00                                                            31/03/2010

2933                                                                15.618,60                                                            31/03/2010

2894                                                                12.428,12                                                            30/06/2010

2837                                                                10.787,64                                                            30/06/2010

1505                                                                22.795,30                                                            31/03/2010

1651                                                                13.991,51                                                            31/03/2010

1791                                                                23.758,76                                                            31/05/2010

1736                                                                 1.489,08                                                            31/05/2010

1735                                                                14.138,27                                                            31/05/2010

1701                                                                19.965,74                                                            31/05/2010

TOTAL                                                                                          300.698,30

DUPLICATAS REF A N F.ADQUIRIDAS EM 2010 E PAGAS EM 2011  (fls. 775, 780, 809, 813 e 819)

 

NOTA FISCAL                                                                         VALOR                                  DATA PAGAMENTO

427                                                                 274.000,00                                                           30.04.2011

277                                                                  11.576,80                                                            30.03.2011

426                                                                  12.138,15                                                            30.03.2011

180                                                                  21.339,50                                                            30.06.2011

815                                                                  94,500,00                                                            30.06.2011

1988                                                                12.500,00                                                            30.06.2011

TOTAL                                                             426.054,45

 

DUPLICATAS REF A N F.ADQUIRIDAS EM 2011 E PAGAS EM 2012  (fls. 860, 864, 868, 872, 873 e 877)

 

NOTA FISCAL                                                                      VALOR                                  DATA PAGAMENTO

435                                                                23.871,37                                                            30.04.2012

31182                                                               2.156,00                                                             28.02.2012

393                                                                28.349,24                                                            30.04.2012

2687                                                                1.680,00                                                             31.03.2012

2709                                                               13.253,00                                                            30.03.2012

414                                                                15.600,00                                                            30.06.2012

415                                                                 2.232,96                                                             30.06.2012

316                                                                22.130,29                                                            30.06.2012

1988                                                               14.214,20                                                            02.03.2012

27192                                                               2.170,00                                                             02.032012

2060                                                                9.303,00                                                             09.03.2012

121                                                                18.164,00                                                            19.03.2012

2213                                                               22.018,28                                                            04.04.2012

198                                                                32.398,46                                                            06.04.2012

236                                                                20.524,50                                                            18.04.2012


2320                                                               15.002,76                                                            19.04.2012

2392                                                                  986,40                                                              24.04.2012

2514                                                                4.140,00                                                             04.05.2012

2567                                                       4.989,60                                                    12.05.2012

2687                                                       1.680,80                                                    22.05.2012

1829                                                      11.675,76                                                   09.05.2012

1493                                                      42.114,14                                                   04.05.2012

TOTAL                                                  308.654,76

 

Neste  sentido,  essas  operações  representam  aquisições  de  mercadorias,  nos exercícios de 2007, 2008, 2009 e 2010,  mas com pagamentos realizados nos exercícios seguintes, ou  seja,  de  2008,  2009,  2010  e  2011,  conforme  atestam  os  lançamentos  efetuados  nos  Livros Contábeis e Fiscais apresentados e   conjunto de cópias das duplicatas  juntadas ao processo, supra especificadas.

De   outra banda, verificamos que os lançamentos foram em sua totalidade efetuados pelas  informações constantes  das GIM’s  –  Dados  Anuais,   informadas a  Secretaria  de Estado da Receita,  nos exercícios de 2008, 2009 e 2010 e 2011, às fls. 976/979, dos autos. Com relação  ao  exercício  de  2011,  informado  pela  recorrente  que  apresentou  em  Sistema  Público  de Escrituração  Digital –  SPED,  não  localizamos nos registros da SER tais informações,  razão pela qual anexamos das fls. 1002/1049, cópias das GIM’s, com Informações de Compras e Vendas de Mercadorias,  dos  exercícios  fiscalizados,  refazendo  os  procedimentos  e  corrigindo  os  valores lançados  na  exordial  referentes  à  rubrica  –  Receita,  de  conformidade  com  os  relacionados  nas GIM’s  declaradas  pela  empresa,  excluindo-se  aqueles  que  não  correspondem  efetivamente,  a vendas  de  mercadorias,   como  sejam:  transferência  de   mercadorias,   devoluções,  remessa   de mercadorias para conserto ou reparo, devolução, etc., passando a apresentar os seguintes resultados: EXERCÍCIO: 2008

RECEITAS                                                                VALOR                  DESPESAS                                                               VALOR Vendas de Mercadorias                                            864.029,60              Compras de Mercadorias                                            726.243,48 (-) Dup. A Receber no próximo exercício                  0,00                         (-) Duplicatas a Pagar no próximo Exercício                (49.339,07) SUB-TOTAL                                                             864.029,60              SUB-TOTAL                                                                676.904,41

Compras para Ativo Fixo                                                2.659,00

Outras despesas                                                               81.555,76

Despesas com impostos                                                  19.864,07

Despesas c/salários, férias, rescisões.                            192.800,50


 

TOTAL DAS RECEITAS                                        864.029,60              TOTAL DAS DESPESAS                                           973.783,74

(-) TOTAL DAS RECEITAS                                        864.029,60

OMISSÃO DE VENDAS                                            109.754,14

ICMS A RECOLHER                                                                                    18.658,20

EXERCÍCIO: 2009

RECEITAS                                                                VALOR                  DESPESAS                                                               VALOR Vendas de Mercadorias                                            718.048,20              Compras de Mercadorias                                            850.679,12 (-) Dup. A Receber no próximo exercício                  0,00                         (-) Duplicatas a Pagar no próximo Exercício                300.698,30

SUB-TOTAL                                                             718.048,20              SUB-TOTAL                                                                549.980,82

Duplicatas pagas de 2008.                                              49.339,07

Outras despesas                                                               80.248,69

Despesas com impostos                                                  23.404,77

Despesas c/salários, férias, rescisões.                            189.777,41

Compras o/ ativo fixo                                                     14.141,45

 

TOTAL DAS RECEITAS                                        718.048,20              TOTAL DAS DESPESAS                                           906.892,21 (-) TOTAL DAS RECEITAS                                      718.048,20

OMISSÃO DE VENDAS                                            188.844,01

ICMS A RECOLHER                                                  32.103,48

 

EXERCÍCIO : 2010
RECEITAS                                                             VALOR                  DESPESAS                                                            VALOR

 

Vendas de Mercadorias                                         910.288,30              Compras de Mercadorias                                           1.230.324,79

(-) Dup. A Receber no próximo exercício               0,00                         (-) Duplicatas a Pagar no próximo Exercício                 (426.054,45)

SUB-TOTAL                                                           910.288,30              SUB-TOTAL                                                                804.270,30

Duplicatas pagas de 2009                                               300.698,30

Outros impostos                                                                  1.935,69

Despesas c/salários, férias, rescisões                              169.367,87

Outras despesas                                                               55.770,29

Compras p/ ativo fixo                                                      2.082,60

TOTAL DAS RECEITAS                                     910.288,30              TOTAL DAS DESPESAS                                          1.334.124,80 (-) TOTAL DAS RECEITAS                                       910.288,30

OMISSÃO DE VENDAS                                             423.836,50

ICMS A RECOLHER                       72.052,20

 

EXERCÍCIO : 2011

RECEITAS                                                           VALOR                      DESPESAS                                                          VALOR

 

Vendas de Mercadorias                                       1.239.438,60                Compras de Mercadorias                                        1.102.711,16

(-) Dup. A Receber no próximo exercício             0,00                              (-) Duplicatas a Pagar no próximo Exercício                308.654,76

SUB-TOTAL                                                        1.239.438,60                SUB-TOTAL                                                                794.056,40

Dup. Pagas em 2010                                                     426.054,45

Compras para Ativo Fixo                                               24.216,06

Despesas com impostos                                                  79.590,49

Despesas c/salários, férias, rescisões                            189.400,90

Outras despesas                                                             50.639,65

TOTAL DAS RECEITAS                                   1.239.438,60                TOTAL DAS DESPESAS                                        1.563.957,70

TOTAL DAS RECEITAS                                       1.239.438,60

OMISSÃO DE VENDAS                                                                                   324.519,10

ICMS A RECOLHER                                                            55.168,25

Das considerações dadas       às  duplicatas  pagas   nos  exercícios  seguintes resultou  em  redução  do  quantum  devido  inicialmente.  No  entanto,  a  aceitação  dos  documentos apresentados,  influem  nos  resultados  dos  exercícios  subsequentes,  já  que  representam  despesas pagas naqueles exercícios, fato que motivou aumento do ICMS no exercício de 2011.

Cabível  é  o  registro  que o  julgador  singular  reduziu  a  multa  aplicada  a  um

patamar de 100% (cem por cento), atendendo ao disposto no art. 82, V, “f” da Lei nº 6.379/96.

Como se sabe, as multas previstas no art. 82, da Lei 6.379/96, sofreram uma redução de 50% (cinquenta por cento), tendo em vista a nova redação dada ao artigo pela Lei 10.008, de 05/06/2013, que começou a produzir efeitos a partir de 1° de setembro de 2013, como se segue:

Art. 82. As multas para as quais se adotará o critério referido no inciso II, no art. 80, serão as seguintes:


(...)

 

V - de 100% (cem por cento): (...)

f)  aos  que  deixarem  de  recolher  o  imposto  proveniente  de  saída  de mercadoria,   dissimulada   por   receita   de   origem   não   comprovada,   inclusive   a representada por despesa realizada a descoberto de caixa, pela  existência de passivo fictício ou por qualquer forma apurada através de levantamento da escrita contábil;

 

Neste  sentido,  o  Código  Tributário  Nacional  determina  a  aplicação  de  penalidade mais benéfica para o contribuinte, conforme preceitua o art. 106, in verbis:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


(...)

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.



Dessa forma, foi  correto o procedimento do julgador singular,  reduzindo a multa aplicada a um patamar de 100% (cem por cento), conforme previsão legal supracitada, cujo crédito tributário resultante demonstramos abaixo:

 

Valores do AI original                       Valores a serem excluídos                                           Valores devidos


ICMS           Multa          Total             ICMS        Multa           Total             ICMS                    Multa                      Total


2008     28.358,15     56.716,30      85.074,45     9.699,95      38.058,10     47.758,05     R$     18.658,20     R$     18.658,20      R$     37.316,40

2009     76.706,70   153.413,40    230.120,10   44.603,22    121.309,92   165.913,14     R$     32.103,48     R$     32.103,48      R$     64.206,96


2010     96.020,48   192.040,96    288.061,44   23.968,28    119.988,76   143.957,04     R$     72.052,20     R$     72.052,20      R$ 144.104,40


2011     37.841,06     75.682,12    113.523,18            0,00      37.841,06     37.841,06     R$     37.841,06     R$     37.841,06      R$     75.682,12


TOT.    238.926,39   477.852,78    716.779,17   78.271,45    317.197,84   395.469,29     R$   160.654,94     R$   160.654,94      R$  321.309,88

 

Por todo o exposto,

 

VOTO  pelo recebimento do recurso Hierárquico por regular e do Voluntário, por  regular  e  tempestivo  e,  quanto  ao  mérito,  pelo  DESPROVIMENTO  do  Hierárquico  e PROVIMENTO PARCIAL DO VOLUNTÁRIO, para alterar os valores da sentença monocrática e   julgar   PARCIALMENTE   PROCEDENTE   o   Auto   de   Infração   de   Estabelecimento   nº  93300008.09.00000383/2013-86, lavrado em 27/3/2013, contra a empresa FRANCO BENELLY COMÉRCIO DE TECIDOS  E CONFECÇÕES LTDA., inscrição estadual nº 16.153.740-5, já qualificada nos autos, declarando devido o crédito tributário no valor de R$ 321.309,88 (trezentos e vinte  e  um  mil,  trezentos  e  nove  reais e  oitenta  e  oito  centavos),  sendo  R$  160.654,94  (cento  e sessenta mil, seiscentos e cinquenta e quatro reais e noventa e quatro centavos) de ICMS nos termos dos  artigos  158,  I,  160,  I  c/fulcro  646;  parágrafo  único,  todos  do  RICMS-PB,  aprovado  pelo Decreto 18.930/97  e R$ 160.654,94 (cento e sessenta mil, seiscentos e cinquenta e quatro reais e noventa  e  quatro  centavos)  de   multa  por  infração,  nos  termos dos  artigos  82,  V,“f”;  da  Lei  n° 6.379/96.

Ao mesmo tempo, cancelo por indevido, o valor de R$ 395.469,29, ssendo R$ 78.271,45 de ICMS e R$ 317.197,84, de multa por infração.

Ressalte-se, que foi constatada diferença a maior, no exercício de 2011, com ICMS na monta de R$ 17.327,19, o qual poderá ser cobrado mediante lavratura de outro Auto de Infração.

 

Sala das Sessões do  Conselho  de  Recursos Fiscais,  em 30  de janeiro  de 2015.

 

FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO
conselheiro Relator

 

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